O setor financeiro, ao longo dos últimos anos, está a sofrer uma constante pressão devido ao aparecimento das “FinTech” e do crescimento da Banca Virtual, que constitui uma forte ameaça à banca tradicional. Por força desta persistente e moderna concorrência, todas as instituições financeiras têm neste momento uma necessidade premente de fazer face à esta nova vaga de inovação, de se reinventar e evoluir continuamente enquanto negócio, além de oferecer uma nova e excecional experiência ao cliente na prestação dos serviços financeiros.
Diante deste cenário, tornou-se essencial, quer aos bancos, quer às instituições financeiras tradicionais, otimizar ao máximo os custos e, em simultâneo, aumentar exponencialmente a produtividade das suas operações, sendo precisamente aí que o RPA “assenta como uma luva”.
Além disso, dentro da lista dos crescentes desafios que o RPA pode endereçar, figuram a escassez de recursos qualificados, a necessidade de aumentar a eficiência dos processos e o os custos associados aos recursos humanos que os executam numa base diária.
Provavelmente, deve estar agora a questionar-se: Como é que o RPA funciona e quais as aplicações habituais do mesmo nos serviços financeiros?
A resposta é relativamente simples, pois o RPA é basicamente a automatização dos processos de negócio, através da instalação de robôs de “software” ao nível, tanto do posto de trabalho do utilizador final, como dos servidores dedicados para este efeito, quer “on premise”, quer na “cloud”, que devidamente programados constituem a força de trabalho digital, podendo ainda ser uma mão-de-obra dotada de serviços de inteligência artificial ou dos chamados assistentes virtuais.
Uma analogia frequentemente utilizada para exemplificar a forma como o RPA trabalha, é uma “macro” a ser executada numa folha de cálculo, mas “com esteroides”, devido aos imensos recursos e atributos que conferem uma maior capacidade de interação com diversas aplicações. Contudo, o caminho para a automatização de processos é longo e intenso, pois requer uma formação sólida dos colaboradores, “inputs” bem estruturados e, principalmente, governação.
No entanto, a partir do momento em que tudo isto está configurado e implementado corretamente, a tecnologia RPA pode assumir o total controlo das interfaces (rato e teclado), incluindo clicar e abrir aplicações, enviar emails e copiar / colar informações de um sistema para outro.
Uma vez compreendidos os conceitos básicos, a partir da correta e cuidada implementação do RPA, as instituições financeiras poderão usufruir da redução dos esforços manuais ineficientes (com plena conformidade), da mitigação de riscos e da melhoria da experiência global do cliente final. Além disso, o que torna a automatização mais adequada às instituições financeiras são as reduzidas exigências ao nível de requisitos adicionais de infraestrutura, juntamente com a sua abordagem “low code”.
QUAIS SÃO OS “USE CASES”?
Uma vez que o RPA pode ser aplicado em diversos projetos de automatização de processos de negócio, citamos algumas das utilizações mais comuns no setor financeiro:
Geração Automática de Relatórios – A geração de relatórios de conformidade, que visam identificar as transações fraudulentas e atividades suspeitas, é um requisito “standard” nas instituições financeiras. Por norma, os agentes de conformidade têm a tarefa árdua, manual e repetitiva de ler todos os relatórios e preencher os detalhes necessários, sob forma de formulário, que requer muito tempo e esforço. O RPA, aliado aos serviços de inteligência artificial, com capacidades de processamento de linguagem natural (NLP), pode “ingerir” longos relatórios de conformidade e, assim, extrair a informação necessária para posteriormente arquivá-los.
“Onboarding” de Clientes – Este processo normalmente é ineficiente e extenso devido, principalmente, à necessidade de vários documentos que requerem verificação manual. O RPA pode agilizar este processo através da leitura automática de documentos, com recurso à tecnologia de reconhecimento ótico e inteligente de caracteres (ICR). Tais documentos poderão então ser comparados com a informação previamente fornecida pelo cliente. Assim, o RPA no “onboarding” de clientes ajuda a evitar erros manuais, como também na poupança de tempo e esforço dos colaboradores na execução de tarefas.
Abertura de Contas – Com o RPA o processo de abertura de contas, que é por costume bastante “pesado” e demorado, torna-se muito mais simples, rápido e preciso. As automatizações eliminam os erros de transcrição de dados entre sistemas centrais e os pedidos de abertura de novas contas, melhorando desta forma a qualidade global dos dados.
Processamento de Crédito – O processamento/atribuição de crédito é sempre por defeito uma das áreas mais críticas para qualquer instituição financeira. O fato deste processo ser extremamente longo e demorado torna-o especialmente adequado para a automatização. O RPA pode ser utilizado para tratar, com regras claramente definidas e quase sem esforço, o processo e as suas exceções também. Permite, igualmente, a fácil automatização de tarefas relevantes incluindo a iniciação do crédito, processamento de documentos, comparações financeiras e o controlo de qualidade. Como resultado, os créditos podem ser aprovados muito mais rapidamente, levando a uma maior satisfação do cliente final.
QUAIS SÃO OS BENEFICIOS GLOBAIS?
Escalabilidade e Elasticidade – Os robôs são altamente escaláveis, o que permite gerir grandes volumes durante os horários de pico e, caso seja necessário, acrescentar mais trabalhadores digitais no sentido de dar resposta à qualquer situação anómala, em tempo recorde.
Aumento da Produtividade – Sendo o RPA bem implementada, as instituições financeiras podem tornar os seus processos muito mais ágeis e eficientes.
Custo vs. Benefício – As instituições financeiras podem poupar de 25% a 50% do tempo e dos custos associados à execução manual dos processos.
Relatórios de Risco e Conformidade – O RPA no setor financeiro ajuda na geração de relatórios, bem como na realização das auditorias, de modo a, tanto mitigar os riscos operacionais, como garantir uma elevada conformidade.
Janela de Disponibilidade – Quer o objetivo seja reduzir os erros manuais ou alcançar uma elevada produtividade a baixo custo, os robôs trabalham 24×7 para plenamente executar as tarefas que lhes são atribuídas.
Custos Reduzidos de Infraestrutura – Requer poucas alterações nas infraestruturas, devido à sua capacidade de automatização, ao nível das interfaces aplicacionais, quer dos postos de trabalho, quer dos servidores que ficarão dedicados ao processo automatizado . O custo de “hardware & software”, manutenção e suporte técnico é ainda mais reduzido no caso do RPA implementado em “cloud”.
Implementação Rápida – Normalmente as ferramentas de RPA funcionam numa ótica de “drag & drop” para criar os fluxos de trabalho, que permitem automatizar processos, tornando, assim, tudo muito mais fácil, em termos do esforço necessário, tanto para a implementação, como para a manutenção de tais processos automatizados, com conhecimentos mínimos de codificação.
Integração com Sistemas Legados – As instituições financeiras, ao implementarem RPA nas suas operações, conseguem integrar informações provenientes de sistemas legados com as que são criadas e geridas por aplicações mais recentes, no sentido de colmatar eventuais lacunas que existem entre dois “mundos” que não se comunicam de forma direta. Esta forma de integrar e disponibilizar todos os dados essenciais aos processos automatizado, permite criar repositórios consistentes de dados relevantes e propagá-los por diversas aplicações, providenciando o rápido crescimento dos seus negócios.
Sendo implementado de maneira correta, o RPA é verdadeiramente transformador para o setor financeiro, como também para outros setores, podendo ser aplicado em diversas áreas de negócio, tais como operações, contabilidade, recursos humanos, compras, “call centres”, etc.
É crucial ter um parceiro com experiência comprovada em ferramentas e soluções inteligentes de RPA, ao longo de toda a implementação. Isto trará benefícios essenciais às instituições financeiras, como também poderá orientá-las sobre quando e como fazer a sua transformação digital.